Umas coisas que andei pensando – Será que compensa?

Como contei nesse post aqui, eu fiquei doente né. Fazia um tempão que eu não ia num hospital (nos sete anos de são paulo, só tinha precisado ir uma vez), tô sempre fazendo exames de rotina, faço consultas de check-up seeempre também, mas odeio remédio, não tomo nada que não seja estritamente necessário -como meu remédio pra hipotireoidismo-, etc.
Eis que dessa vez essa bactéria quis compensar todos os meus anos de não precisar de hospital e agora digito do meu leito de internação, hehe. Minha infecção na garganta resistiu à benzetacil, voltei ao hospital quatro dias depois, comecei antibiótico -um bem forte, que dava náuseas e dor de cabeça- tomei por cinco dias e nada de melhorar. Era dor pra engolir, pra beber água, pra falar, pra dormir, e aí comecei a tomar dipirona toda hora que voltava a doer.

Umas coisas que andei pensando – Será que compensa?

E não sou essa pessoa, não gosto de ficar tomando remédio e da sensação de estar dopada. Daí quarta acordei com dor, fui trabalhar e minhas amadas companheiras de redação falaram “tá estranho isso aí, deixa a gente ver a garganta”. Pronto, elas se assustaram, falaram que não dava pra ver a goela e me mandaram correr pro hospital de novo.

Acabei vindo pra Mogi, porque meu convênio é daqui e achamos que já tava na hora de ver uma especialista né, e ela olhou a garganta e já deu o veredicto: melhor internar. E estamos aqui. Com agulha na mão porque “minha veia é muito fina” e tomando um coquetel poderoso de remédios pra combater essas maledetas bactérias. Sinto que agora vai risos.

Claro que eu deveria estar quietinha vendo tv deitada na cama, mas eu fiquei com vontade de escrever sobre umas coisas que tenho pensado, mas só um começo. Não vou elaborar muito agora porque minha mão com a agulha dói, haha, mas um início pra gente pensar juntas, com uns links que li ultimamente.

Sabem esse conceito de multitasking? É um nome pomposo e estrangeiro para aquela mania que a gente tem de fazer mil coisas ao mesmo tempo. E, na grande maioria das vezes, não terminar quase nada. Eu faço isso, muito provavelmente você também.

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Eu chamo de falta de foco. Eu abro mil abas, quero fazer mil coisas ao mesmo tempo, ler mil links, no fim, passaram-se horas e eu fiz 10% de cada coisa e bate aquela bad (outro nome pra: deprê) porque não concluí nada. Acho que é um traço dessa nossa geração, com mil possibilidades, acesso a informação a um clique de distância, e tenho cada vez mais tentado não ser assim. Ser mais “uma coisa de cada vez”, pra sentir mais que estou concluindo coisas.

Vamo falar mais disso depois? Li esse texto aqui outro dia, sobre como o multitasking está na real matando nosso cérebro e já foi um pequeno passo para adotar o caminho oposto na minha vida.

Algumas de vocês me pediram pra falar sobre o Baile da Vogue e seu tema polêmico: África Pop. Vou ser super sincera com vocês: eu não me sinto muito confortável pra falar sobre isso, porque apropriação cultural/racismo/etc é uma seara que eu não entendo muito e prefiro ler a respeito, de gente que tem muito mais bagagem e sente, de fato, isso todos os dias, e ir formando minha opinião.

Mas assim que divulgaram o tema, já sabíamos que ia ser bizarro. Porque a Vogue Brasil não é uma revista que celebra a diversidade, as culturas africanas (muito menos nomes da moda do continente africano) e muito menos traz com frequência capas de mulheres negras ou mesmo em suas pautas. Dá pra contar nos dedos – nos últimos 60 anos, só 5 capas da Vogue Brasil tinham mulheres negras, nas quais 3 eram acompanhadas de mulheres brancas, e as duas sozinhas eram Naomi e Rihanna (foi essa moça que fez a conta).

É só olhar pra esses números e se perguntar: faz sentido? Por que escolher um tema que não dialoga com o que eles apresentam em suas páginas e que sim, pode causar muita ofensa, contradição e racismo (voluntário ou não). Por último: onde estavam essas pessoas em 2015, que não viram NEM UMINHA discussão sobre o tema? Sugiro esses textos aqui pra quem quiser saber mais.

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Eu não assisto Big Brother -já assisti, mas hoje não me interesso muito, prefiro ver outras coisas quando tenho tempo- mas não fiquei imune ao assunto da semana passada/começo dessa semana, sobre o participante Laércio, que foi pro paredão com outra participante, a Ana Paula. Ela, aliás, ficou famosa já no começo por falar que achava que todo mundo tinha que ser “machista”.

Lembro de ter visto várias matérias exaltando o fato dela ser sustentada pelo pai, dela frequentar baladas sertanejas, gostar de sair muito, etc, querendo, claro, criar uma imagem bem estereotipada da mina machista que a gente deveria odiar. Acontece que essa mesma Ana Paula foi uma das participantes a entrar em conflito com o tal Laércio, um homem de 53 anos, que deu declarações sobre ser poligâmico e namorar meninas adolescentes, na casa dos 16 e 17 anos.

Também fazia parte de páginas de supremacia racial, “novinhas” e, a cereja do bolo, disse que embebedava adolescentes pra conseguir levá-las pra cama. Ah, três meninas relataram que foram abusadas por ele (todas menores de idade na época). A Evelyn Nogueira escreveu sobre isso aqui. Pelo que li, seu comportamento dentro da casa era grotesco, e Ana Paula reclamava o tempo todo.

Enfim, o fato é quando eles foram para o paredão, levantou-se a polêmica da semana, e em mais um revés da internet brasileira, o povo começou a proteger o tal do homem. Que “não era bem assim”, que “menina de 17 anos já sabe muito bem o que tá fazendo”, “que não dá pra julgar as pessoas”, etc.

Mano. Assim, que difícil que é ser um homem de 53 anos e não poder tomar as próprias decisões, afinal, são as meninas de 17 anos que guiam o caminho que ele traçou pra vida dele, certo? É tão inacreditável, tão um raciocínio inverso, de que ele não teria responsabilidade de nada, pelo contrário.

Só acho que é muito bizarro a galera ficar falando que mulher “se faz de vítima”, mas FAZ DE TUDO pra proteger um homem que tem mais de meio século de vida de ser responsável pelos seus atos.
Sim, uma garota de 17 anos pode consentir um relacionamento com um maior.

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E por causa disso, imediatamente, ela vira a única e exclusiva responsável por tudo o que vier a acontecer a ela. Porque um senhor de 53 anos não tem discernimento, responsabilidade, valores, livre arbítrio, inteligência, etc. Só possui um suposto instinto natural que não o deixa pensar racionalmente.

Lembra que há poucos meses estávamos falando de Valentina, de 12 anos, que mostrou o quanto nossa sociedade naturaliza a sexualização da mulher e a coloca sempre como culpada do olhar e da ação masculina. Ela provocou, ela quis, ela já sabe, ela já é bem espertinha, ela não é nenhuma santa, e assim por diante. E quando a gente cresce, continua sendo assim. A gente que foi responsável, a gente que provocou, a gente que tava com uma roupa que causou aquilo, a gente que tava andando sozinha onde não deveria, a gente, a gente, a gente.

Quantas vezes a gente não ouviu, pra nós ou pra nossas amigas, primas, irmãs, que ‘você tá ficando mocinha e os homens vão começar a olhar pra você, então se comporte, não use tal roupa, não senta de perna aberta, não pode mais ir na piscina do clube só de calcinha de biquíni”.

Mas e ensinar ao garoto, que vai virar homem, que ele tem sim responsabilidade e controle dos seus atos? E ensinar que os atos de uma pessoa são sim causados por ela, e não por uma saia curta? Ensinar que sim um homem é um ser racional, muito capaz de decidir se vai ou não fazer alguma coisa.

Tira-se das costas dos homens toda e qualquer responsabilidade. O livre-arbítrio foi excluído na criação dos homens, por acaso?

É um absurdo tão grande.
Chega a parecer piada.
Pena que não é.